1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA
O
ditado popular diz que a vida começa aos 40. É acreditando nisso que a cada dia
mais pessoas deixam de lado a vergonha e o preconceito e passam a buscar uma
melhor qualidade de vida na terceira idade, onde já é comum encontrar idosos em
academias de ginástica. A
conhecida imagem do vovô sentado em casa vendo televisão está sendo substituída
pela dos idosos ativos. Eles estão nos teatros, shows e bailes e praticam cada
vez mais atividades físicas. São conscientes de que a velhice é para ser vivida
com intensidade. Mais difundido
e popular, os esportes coletivos parecem levar vantagem sobre os individuais,
na sua prática, principalmente porque contém o componente social que implica na
troca de energia e comunicação afetiva seja com os companheiros, seja com os
adversários.
A prática dos esportes coletivos torna-se mais
importante ainda para os indivíduos da terceira idade, porque além dos
benefícios para o corpo e para a saúde proporcionam, nos aspectos mentais e
psicológicos, oportunidades de reconhecimento, solidarização, troca de
informações, de opiniões e outras atitudes positivas para uma melhor condição
de vida. Visto
a intima relação entre saúde e qualidade de vida a OMS introduziu o esporte
como ação profilática e indispensável às todas as idades. Assim a atividade
física em geral e o esporte em especifico, são associados à idéia de saúde,
transformando-se num valor que é compartilhado por vários segmentos
populacionais. O desporto faz parte da preocupação de se fazer, adaptar, criar,
transformar o corpo, é um espaço onde o corpo tem voz e fala, mantém dialogo
com a natureza exterior, quer ele seja praticado por crianças, jovens, adultos
ou idosos, em todas as idades o desporto é a concretização da esperança, da
necessidade de viver.
Perspectivar a qualidade de vida para o
idoso é papel da sociedade e através da prática desportiva que é o papel do
profissional de educação física, sendo que a cada dia cria-se novas
alternativas de introduzi-los ao meio do desporto, haja vista os benefícios a
nível bio-psico-social em que o mesmo alcança. O desporto trás em si a
superação, o rendimento e a vida. Sobre o olhar do idoso, o objetivo antes
inalcançável, agora superável, onde a solidão substituída pelo companheirismo,
sobre a ótica da beleza e plasticidade do corpo em movimento. O desporto para o
idoso vem objetivar a prática desportiva para formação de uma “sociedade
lúdica” no qual o princípio da igualdade e da oportunidade revela-nos a
continuidade da vida.
1.2 ABORDAGEM GERAL
Na cidade de Descalvado,
localizada no Estado de São Paulo, iniciou o “PROJETO ATLETA FELIZ NA 3ª IDADE”
(PAF), cujo objetivo principal é desenvolver programas esportivos para
indivíduos com idade avançada, a fim de que contribuam para o aprimoramento
integrado de todas as suas potencialidades físicas, morais e psíquicas,
independentemente das diferenças de raças, religiões e níveis sociais,
proporcionando aos mesmos além de uma melhor qualidade de vida, a formação de
um ser humano conhecedor e crítico de sua realidade e de seu contexto, capaz de
compreendê-los e transformá-los.
O Handebol Adaptado surgiu
da necessidade dos atletas da 3ª idade em praticar uma atividade física mais
dinâmica e empolgante do que as atualmente oferecidas, que ao mesmo tempo em
que lhes proporcionassem prazer e se sentissem seguros ao praticá-lo. Foi com
base nestas necessidades que surgiram as adaptações às regras do Handebol. E
será assim que perante o mundo em permanente ebulição, com a sociedade cada vez
mais individualista e exigente, que nossos idosos irão á cada dia conquistar o
tão merecido respeito e consideração das demais gerações, resgatando sua
importância dentro da sociedade.
Atentos a criação desta
nova modalidade, foi criado a equipe de Handebol Adaptado da Superidade na
cidade de Itajaí. Atualmente conta com 58 atletas da terceira idade, sendo 10
homens e 48 mulheres, reunindo-se para treinar duas vezes por semana durante
uma hora e meia, com idade entre 49 e 77 anos de idade.
2
TREINAMENTO ADEQUADO À TERCEIRA IDADE
Frente à série de limitações que a idade impõe á saúde,
questiona-se a prática de atividades esportivas até as idades avançadas, haja
vista que a prática não orientada realmente pode causar danos ao aparelho
locomotor e ao sistema cardiorrespiratório, sendo que do ponto de vista médico,
uma atividade esportiva só é recomendada quando o risco é inexistente ou muito
pequeno para a pessoa que pratica a modalidade esportiva, de modo que o exame
médico se mostra necessário antes de iniciar uma atividade esportiva. A
pré-avaliação médico-desportiva não deve ater-se somente as contra-indicações,
alem dos dados referentes à saúde do testando, deve averiguar o desempenho
atual, tendo em vista suas possibilidades atuais de carga.
Quem
treinou desde sua juventude conhece sua capacidade de desempenho e capacidade
de suportar carga, no entanto se a atividade esportiva foi interrompida por
vários anos e este mesmo indivíduo retorna à prática, há uma série de
alterações no organismo deste, principalmente na sua capacidade de
treinabilidade, sendo que sob determinadas condições podem levar a erros
subjetivos de estima causando uma série de problemas ao organismo. Para evitar
erros com relação a uma estima de exercícios é necessário se ater a alguns
princípios. O treinamento na velhice orienta-se pelos princípios do treinamento
“normal”. Os efeitos do treinamento dependem dos componentes da carga:
intensidade do estimulo, densidade do estimulo, duração do estimulo,
abrangência do estimulo e freqüência do treinamento. Devido à baixa capacidade
motora e resistência muscular deve-se desenvolver com restrições as aptidões de
força e velocidade e dar ênfase à aptidão cardiorrespiratório devido ao seu
grande quesito a saúde.
2.1
MODALIDADES ESPORTIVAS APROPRIADAS PARA AS PESSOAS IDOSAS
Pela dificuldade de se indicar qualquer tipo de
modalidade esportiva para determinada faixa etária, parte-se do principio das
aptidões físicas gerais utilizadas na idade e a capacidade de adaptação da
atividade aos participantes. Quem praticou determinada modalidade esportiva por
toda a vida, pode a principio ter bons aproveitamentos técnicos e táticos,
levando em consideração o grau de experiência motora e capacidade de estimar a
capacidade de competição de seus limites físicos.
Abordada sob este ângulo a prática esportiva não tem limite de idade nem de
sexo, depende simplesmente da associação do programa de treinamento às
características particulares de cada indivíduo, segundo os princípios que regem
o treinamento.
2.3
BENEFÍCIOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DA PRÁTICA ESPORTIVA NA TERCEIRA IDADE
Uma das principais
suposições em torno do tema e que freqüentemente é externada, é de que a
pratica da atividade esportiva pode ser um meio eficiente contra o isolamento
social, contribuindo para a redução de doenças psíquicas relacionadas ao
isolamento. O esporte poderá compensar especialmente a diminuição das relações
sociais por vezes principiadas pela aposentadoria, sendo que é necessária a busca de atividades
gratificantes e motivadoras que ocupem ao menos uma parte do dia dos idosos e
que os ajudem a superar estados anímicos baixos e depressões, além de fazer com
que se sintam úteis e ativos. Por outro lado, fazer com que sirvam de ponto de
referência e como vinculo de união entre os participantes e o meio para
integrar-se a um grupo social, haja vista também que
as pessoas praticam esporte em qualquer idade sendo consideradas mais
extrovertidas. Assim, o esporte pode oferecer uma certa substituição do status
e do orgulho determinado muito tempo pela atividade ou profissão.
Por este
ângulo o rendimento esportivo tem um benefício de formar uma nova “identidade”
subjetiva, atuando contra a decorrente redução da capacidade de rendimento
durante a senescência e principalmente em uma sociedade onde as pessoas são
avaliadas por sua capacidade de desempenho. O esporte por seu posicionamento
ativo, não se limita a si, tendo a possibilidade também de se expressar em
outras áreas da vida.
Mantendo um
posicionamento positivo em relação ao próprio corpo, ao movimento e a saúde,
exprimindo ótimas concepções da própria saúde e da sua capacidade de
rendimento, sendo que o esporte não é só diretamente saudável, ele é também a
confirmação de uma atitude positiva diante da vida. Nas expectativas descritas
acima foram encontradas muitas relações positivas, especialmente quanto ao bem
estar subjetivo, o próprio estado de saúde e seu rendimento, a disponibilidade
para contatos sociais, melhora na auto-estima, melhora também nas capacidades
intelectuais como a memória e a concentração.
Portanto, os
efeitos psicológicos e sociais que uma atividade esportiva pode ter na velhice,
mais a relação do praticante e da sua relação ao meio, estão associados à
atividade esportiva em si, visto que desta forma não haveria influência do
esporte sobre a personalidade de uma pessoa idosa. Os motivos pelos quais os
idosos aderem a prática esportiva são aos que já praticavam desde jovem, no prazer
pelo movimento e nos que não praticavam, o motivo é o benefício para a saúde.